As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?

Mahatma Gandhi

28 de jul. de 2013

Francisco, mensageiro de alegria e esperança

Francisco, mensageiro de alegria e esperança
Faustino Teixeira PPCIR-UFJF
Num dos mais bonitos e sensíveis documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965), sobre a Igreja no mundo de hoje (Gaudium et Spes), encontramos uma chave importante para entender o pontificado de Francisco: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS 1). A viagem de Francisco ao Brasil traduz maravilhosamente essa busca de sintonia com o tempo, de testemunho evangelizador, de compromisso com o outro e de abertura dialogal. O papa que em sua chegada ao país pede licença para acessar o Povo Brasileiro, conquistou, de fato, o seu coração. É um encanto e sedução generalizados, que não se reduz ao circuito da Igreja católica. Dizia em sua chegada que o objetivo de sua viagem era o de “alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração”. Esse objetivo foi realizado com sucesso, e por várias razões: pelo carisma de Francisco, pelo seu sorriso despojado, pelo seu testemunho de humildade, por sua atenção e generosidade, bem como sua coragem de anunciar um jeito novo de ser Igreja. Mas também acrescentaria, talvez como um segredo maior, sua linda experiência de Deus. Trata-se de alguém que se deixa “surpreender por Deus”, pelo toque inusitado de seu amor, e isso se irradia como fragrância sedutora por todo canto. Passos importantes de sua presença no Brasil já foram bem destacados, como a profética mensagem para a comunidade de Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos. Ali pôde sinalizar que o traço de solidariedade é a grande lição que a gente simples do Brasil tem a oferecer ao mundo inteiro. E, curiosamente, foi esse o traço singular que envolveu a dinâmica das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e seu projeto de Igreja que ecoou por toda parte. Francisco busca resgatar vivamente essa lição. Na continuidade de sua peregrinação ao Brasil, a data de 27 de julho fica também marcada com os traços de sua presença acolhedora e profética. Uma parte importante do dia dedicou sua fala aos ministros da Igreja católica, seja no início da manhã, em missa realizada na catedral metropolitana do Rio de Janeiro, como no almoço oferecido no Palácio São Joaquim. Nos dois espaços, o tema da evangelização ganhou um lugar de destaque. Em sua homilia durante a missa, Francisco sublinha os três aspectos que devem animar os ministros na sua tarefa de anúncio evangelizador: a consciência do chamado de Deus, o compromisso do anúncio do Evangelho e a promoção da cultura do encontro. Enfatizou a importância de um anúncio animado pela coragem e ousadia. Como bem sinalizou Paulo VI na Exortação Apostólica, Evangelii Nuntiandi, evangelizar é “tornar nova a própria humanidade” (EN 18). Assim também o entende o papa Francisco. Mas adverte que o “permanecer” em Cristo não significa ensimesmamento ou entrincheiramento eclesial, mas “um permanecer para ir ao encontro dos demais”.

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