As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?

Mahatma Gandhi

26 de jul. de 2013

ENSINO RELIGIOSO HOJE

O Ensino Religioso, disciplina escolar, desenvolve-se como uma área de conhecimento que recobre uma das manifestações mais antigas, diversificadas e ricas dos seres e dos grupos humanos: o fenômeno religioso. Tal é sua diversidade, porém, que uma das grandes tentações do professor de Ensino Religioso seria pretender classificar todas as expressões religiosas num determinado gênero, as religiões, por exemplo. E, ainda, considerar que sua disciplina, como outros setores das ciências humanas, deve-se ocupar unicamente do que é comum a todas as religiões, deixando de lado o específico de cada religião, para não correr o risco de proselitismo. Em termos técnicos, desde que no século 19 tomou-se consciência da diversidade religiosa, que viu nascer o estudo comparativo das religiões, a expressão fenômeno religioso passou a ter um valor transcendental ou analógico, designando formas substancialmente diversa do ser humano responder por ritos e mitos, ao anseio de transcendência inscrito no fundo de si mesmo. A opção de falar das religiões como se fosse um gênero, buscando o que seria comum a todas elas, além de pouco científica, desconhece a realidade dos fatos. Pouco científica porque hoje, mais do que nunca, valoriza-se a ciência capaz de captar a diversidade existente no seu campo de observação e de estudo. Desconhece a realidade dos fatos porque, como demonstram inúmeros exemplos práticos, operaria um verdadeiro nivelamento por baixo, levantando a suspeita de que o Ensino Religioso tende a esvaziar cada uma das religiões no que tem de próprio e de específico, era favor de uma religiosidade genérica e de uma espiritualidade politicamente correta talvez, mas superficial e desconhecedora do vigor da fé. Não se pode negar que a fé, quando autêntica, está na gênese de todos os ritos, dos mitos, das práticas e das instituições religiosas, pois é ela que sustenta a vida, muito mais do que uma simples religiosidade genérica. É a fé que anima a atividade dos verdadeiros religiosos, a começar pelos que estão dispostos a dar a vida pelo que acreditam, sem que possam ser acusados de fanatismo, como os mártires, encontrados em todas as tradições religiosas, das origens cristãs ao holocausto, sem menosprezar a qualidade moral e espiritual de suas muitas manifestações freqüentem ente classificadas de fanatismo.

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